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EXPO UNIVERSAL 2015 - HABITAR O ESPAÇO EM QUE CULTIVAMOS O NOSSO AMANHÃ

Segunda, 29/06/2015

Durante a minha faculdade de arquitetura, no final dos anos 90, um dos meus maiores desejos acadêmicos, sempre foi o de visitar uma Exposição Universal. As "expo universais" acontecem desde o final do século 19, e historicamente sempre reuniram as vanguardas no campo das artes da cultura e tecnologia do mundo inteiro,  sempre nos deixando um legado, como no caso da célebre Expo de Paris em 1889, na qual foi construída a Torre Eiffel. Este ano a Expo acontece pela segunda vez na história em Milano, e por um destes caprichos do destino, foi justamente este ano que tive a oportunidade de visitar uma Exposição universal. O tema deste ano não poderia ser mais oportuno: Alimentar o planeta: Energia para a vida.

Este tema trás à tona a desafiante questão da geopolítica mundial da alimentação, sintetizada no grande paradigma de nossa era:  habitarmos onde cultivamos o nosso amanhã. Pegando carona neste tema, a Itália soube explorar, com seu Palazzo Italia, a incrível diversidade cultural e gastronômica de seu território, virtuosamente representados em cada uma de suas regiões. Implantado transversalmente ao Decumano, no passeio denominado Cardo, mostrou o melhor de sua gastronomia regional com joias como o Prosciutto di San Daniele, Trufas do Piemonte... e o espetacular pavilhão Vino Italy, onde tive o prazer de experimentar sensorialmente tudo o que tem de melhor em vinhos na Italia.

Por traz de tudo isso, o objetivo principal do Palazzo Italia, foi o de destacar a diversidade  como fator preponderante para formação de uma cultura não única mas heterogênea, e como isso foi determinante para foramação de uma identidade alimentar que é referência mundial.

Cada país propôs uma resposta a este paradigma que se traduzia sobre tudo, nos elementos arquitetônicos de cada um dos pavilhões das nações. Cada pavilhão buscou uma expressão formal que sintetiza a capacidade técnica e tecnológica de cada nação, exprimindo valores figurativos  ou simplesmente representando-se de modo crítico.

O pavilhão do Brasil, por exemplo propôs a grande rede de sustentação dos povos, e traduziu esta concepção em uma  estrutura de aço formando uma caixa volumetricamente aberta na qual se sustentava a rede que na verdade era um grande piso móvel. Sem dúvida um dos espaços mais lúdicos da feira.  

O Pavilhão mais conceitual da Expo Miano, é o Pavilhão do Reino Unido. Uma estrutura penetrável representando a realidade de um apiário, que visto de dentro ou de fora promove as mais distintas interpretações. Desde o Volume denso da cúpula, quando se está no seu interior (vide foto de capa) a desaparição da matéria, quando vista de fora. Uma colmeia feita de aço, uma arquitetura flutuante entre o jardim frontal e o anexo ao fundo.

Um dos pontos mais positivos desta Expo foi o Cluster Internacional, o pavilhao internacional para as nações que não possuem recursos suficientes para terem suas próprias estruturas. Pela primeira vez na história a organização da Expo, convidou universidades do mundo inteiro para participar do projeto, sob a gestão do Instituto Politécnico de Milão. Participaram do projeto 18 universidades do mundo inteiro entre elas a FAU/USP, que ficou a cargo de desenvolver o projeto do pavilhão do café. As nações contempladas no pavilhão internacional que geralmente nas exposições anteriores, são agrupadas por afinidade geopolítica, este ano, apoiando-se no tema da alimentaçao, foram agrupadas por produtos alimenticios de exportação: café, cacau, cereais, arroz, frutas, legumes e especiarias.

Vale muito a pena visitar a exposição que vai até o final de Outubro de 2015.  É um convite a discução, ao universo das idéias e desafios, que nos leva a um grande processo cognitivo, uma verdadeira celebração cultural mundial. Além de ser um prato cheio para quem vive e respira arquitetura.

 

TODAS AS FOTOS DA EXPOSIÇÃO ESTÃO NA MINHA FAN PAGE NO FACEBOOK.